Mercado

Emergentes vão comandar a demanda global nos próximos 25 anos, diz Marcos Troyjo no Fórum CEO Brasil

Marcos Troyjo Foto: Marcos Mesquita

Denize Bacoccina

Países hoje classificados como emergentes serão o motor da economia nas próximas décadas, com crescimento populacional e de poder de consumo, e o Brasil está em ótima situação como o grande fornecedor de alimentos e de energia para a economia mundial. A avaliação é do economista Marcos Troyjo, professor da Universidade de Oxford e do Insead e ex-presidente do Banco dos Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e sediado em Xangai), em palestra nesta sexta-feira no Fórum CEO Brasil, realizado pelo Experience Club no Tivoli Ecoresort Praia do Forte, na Bahia.

E quais serão os motores da economia global nas próximas décadas? “A força dos emergentes na determinação da demanda global será muito mais robusta do que o tradicional G7”, disse Troyjo. Enquanto os países do G7, que representam as sete maiores economias do mundo, tiveram um PIB conjunto de US$ 50 trilhões no ano passado, se considerado a paridade de poder de compra (PPP), os países de um grupo classificado por ele de E7 (China, Índia, Brasil, Indonésia, México, Turquia e Arábia Saudita), os emergentes, somaram no mesmo período um PIB PPP de US$ 60 trilhões.

A exceção, nesse cenário de perda de importância relativa do G7 é os Estados Unidos. Em 2008, antes da grande crise financeira, o PIB per capita da zona do euro e dos Estados Unidos eram iguais. Hoje, a dos Estados Unidos é o dobro.

Troyjo também destacou que apenas nove dos 193 países atualmente representados na ONU terão crescimento populacional nos próximos 25 anos, quando a população global passará de 8 bilhões para 10 bilhões. Esses países são Índia (que no ano passado passou a China como o país mais populoso do mundo), Paquistão, Indonésia, Estados Unidos, Nigéria, Tanzânia, Uganda, Etiópia e República Democrática do Congo. Por esta previsão, a população da África será maior do que a da China e Índia juntas. E, já em 2030, o mercado consumidor da Índia será de 800 milhões, o equivalente a dez vezes a população da Alemanha.

O economista também falou sobre o impacto do crescimento da economia nos emergentes. Se em países ricos o ganho de renda vai para gastos com turismo, cosméticos e investimentos, em países emergentes essa renda excedente vai para alimentação. E o Brasil, com seus recursos naturais, pode ser o grande fornecedor mundial. “Essa demanda vai levar a uma mudança estrutural no mercado de energia e de alimentos”, disse ele. “Essa é uma grande oportunidade para o país, que pode ser o maior exportador mundial de sustentabilidade.”

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